segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ocupação do Complexo do Alemão deixa seguro mais barato

Motoristas cariocas podem chegar a economizar 20% em 2011

O sucesso da operação da polícia e do Exército no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, no final de novembro, não inibiu somente o tráfico de drogas naquela região. O local, que também funcionava como base para todos os tipos de crime, hoje atravessa momentos de transformação, com projetos de cidadania e qualidade de vida. As consequências da expulsão dos criminosos do complexo poderão ser sentidas, inclusive, no bolso. Com a redução de 60% do índice de roubo de veículos em toda cidade do Rio de Janeiro, segundo dados da Polícia Civil, as seguradoras anunciam já para o ano que vem uma queda no valor dos seguros de carros. De acordo com Neival Rodrigues Freitas, diretor executivo da Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais), essa redução pode chegar a 20%.

O alto índice de roubo e o intenso tráfego de veículos nas ruas da cidade têm estimulado a procura por seguros pelos motoristas. Segundo dados da FenSeg, entre janeiro e agosto de 2010, houve um crescimento de 15% na arrecadação de seguros em todo o país, referente ao mesmo período do ano passado.

E apesar do índice de roubo de veículos no Rio de Janeiro apresentar uma queda de 60%, ter o carro segurado é uma necessidade de proteção que não custa pouco e os cuidados devem começar antes mesmo de adquirir um carro novo, uma vez que o tipo do veículo é um forte determinante para definir o preço de um seguro.

Segundo Freitas, os modelos mais visados pelos bandidos, assim como veículos pertencentes às regiões onde o índice de assalto é maior, costumam ter o seguro mais caro.

- Existem, no entanto, outros fatores analisados pelas seguradoras que determinam o valor da indenização, como por exemplo, o perfil do segurado. Jovens entre 18 e 25 anos pagam um valor maior, pois são considerados menos experientes no trânsito do que as demais categorias. Da mesma forma, mulheres pagam menos do que homens, por serem consideradas mais cuidadosas.

Mas para chegar ao valor final, deve-se ainda levar em conta as despesas de comercialização e os gastos administrativos da própria seguradora.

Desta forma os valores dos seguros podem variar tanto de seguradora para seguradora, como de região para região e dependem do cruzamento de todos os fatores citados. Um segurado com a apólice totalmente paga, por exemplo, pode ter uma grande surpresa caso ele precise mudar de endereço. Dependendo da situação, a seguradora contratada pode exigir reajustes consideráveis, como afirma o corretor de seguros Cláudio Côrtes.

- Uma apólice feita em uma cidade do interior de São Paulo, por exemplo, provavelmente sofrerá um forte reajuste, caso o segurado mude para a capital.

Para se ter uma ideia desta análise, um carro popular, modelo 2005, teve o seguro avaliado em R$ 1.800 em Sorocaba, município do interior de São Paulo. Esse mesmo carro, avaliado posteriormente na cidade do Rio de Janeiro, onde os índices de assaltos e acidentes são maiores, teve o valor da apólice avaliada em R$ 3.800, um reajuste de mais de 110%.

Orientações

Para proteger o veículo o cliente deve, inicialmente, procurar por um corretor de seguros, que irá fazer a primeira coleta de informações. Mas, de acordo com Freitas, essa escolha deve ser cautelosa, uma vez que existem empresas que não são regularizadas junto ao órgão competente. Se um cliente contratar uma destas empresas, o segurado corre o risco de não ter o patrimônio indenizado, em caso de sinistro.

Ainda segundo Freitas, o interessado deve responder ao questionário de risco de forma genuína, pois se for necessário acionar o seguro, a empresa irá investigar as condições do roubo ou do acidente. Caso seja identificada qualquer irregularidade, provavelmente o prejuízo não será coberto. Um exemplo disso é a troca de papéis entre vítima e culpado durante um acidente. Se a fraude for descoberta, a seguradora não irá se responsabilizar pelas despesas.

Após responder ao questionário de risco, o corretor irá consultar diversas seguradoras e repassar as propostas ao cliente. Cabe então ao futuro segurado fazer a escolha que melhor atende às suas necessidades e ficar atento no momento de assinar a proposta.

Uma resposta do Estado

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro em novembro, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos da cidade e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva no dia 25 de novembro na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.

Na manhã de 28 de novembro, as polícias Civil e Militar, com ajuda da Marinha e do Exército, fizeram a ocupação do Complexo do Alemão e, simbolicamente, fincaram a bandeira nacional no alto do morro, devolvendo à população o território antes ocupado pelo tráfico.

As buscas por armas e drogas continuam desde então. De acordo com registros da Polícia Civil, foram apreendidos ao menos 36,6 toneladas de drogas, 496 armas de diversos tipos e 58 explosivos. O levantamento indica ainda 133 suspeitos presos e 440 carros recuperados.

Fonte R7

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